quarta-feira, 22 de maio de 2013

Lá Universal

Um dia me disseram que aquele som que ouvimos quando se tira o telefone do gancho é a nota Lá Universal. Passei a afinar meu violão usando deste recurso - a quinta corda é a nota Lá. 

Por estes dias, conversava com algumas crianças sobre vampiros e uma delas sugeriu que os vampiros deveriam transformar todas as outras pessoas também em vampiros, assim todos teriam superpoderes, seriam iguais e com isso, não deveria mais haver preconceitos.

Ouvir isso de uma criança já é algo surpreendente. Saber que essa criança é alguém que já passou por muita coisa e sabe o que está dizendo, é mais surpreendente ainda. 

Ao menos a(s)cende a esperança de que os atuais filmes sobre vampiros, zumbis e cenários apocalípticos podem ganhar mais significações (pra não dizer, melhores) do que aquilo que trazem num primeiro momento.

Mas, pra chegar até aí vai ser preciso um certo esforço. Esforço que muitas vezes não se está disposto a fazer. Melhor ficar no repeteco parafrásico que a mídia insiste em sustentar. Romances sem desejos. Desejos sem romances.

Para que o sonho da criança seja possível, os vampiros precisam aceitar a ideia de que são vampiros. Não queremos com isso (garanto que a criança concordaria comigo), divulgar a selvageria inerente aos clássicos contos vampirescos. Porém, estes ao menos têm sido mais autênticos. O conceito de sociedade e cultura, já seriam suficientes para derrubar as brutalidades. Se não sustentá-las. A questão que se chega é a mercantilização dos desejos e o mal uso das exclusividades. 

Após fugir da horda de walkers sedentos por carne ou pelo último iphone, o Lá Universal seria o lugar em que se chega. Último refúgio de resistência humana. Vivendo com aquilo que é essencial para se viver, pois muito se perdeu ou se tornou obsoleto após o grande colapso.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Callas!

Uma pessoa colocou para tocar Maria Callas e me perguntou o que eu achava. Educadamente, respondi que achava bonito. Ela me disse que naquele momento da ópera falava-se sobre a morte da mãe do personagem. Ainda tive a decência de me sentir envergonhado.