segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Gêneros de Lego versus Lego de Gêneros

Autêntica questão edípica do menino (0:40') extravasando via "Lego só para meninos".




Real tomada de conscientização da empresa ou mais um jogo de mercado?

Durante a infância e certas passagens para a adolescência tive a oportunidade de brincar com Legos, mas como eram brinquedos caros nunca tive um. Daí sobrava a oportunidade de montar coisas nos Legos dos amigos que, sempre se encontravam já desmontados, com poucas indicações do que aquelas peças originalmente, formariam. Ou seja, se o conjunto das peças formassem uma nave, um barco ou um parque eu pouco (ou nada) sabia, pois tinha à disposição as peças misturadas que poderiam formar um ultra cidade venusiana com defesas contra o maldoso povo de Marte.

A menção de conteúdos aparentemente ambíguos (naves, barcos, parques, defesas...) não é ao acaso. Dependendo do contexto pode assumir condições masculinas, mas também femininas. Ou porque tive uma infância repleta de modelos comercializados que dicotomizavam o gênero, ou ainda porque as questões que os sujeitos passam enfrentam essa dicotomização. Quando o menino do vídeo exibe para a mãe o que ele fez, sustenta uma certa fase, expressa através da exibição das produções das crianças (desde as produções fisiológicas até Legos), quer seja menino, menina, nenhum dos dois, ou ambos. Contudo, durante a fase edípica a exibição de algo para os pais vai apresentar diferenças, uma vez que , ou seja, há um homem para o qual a Lei não se aplica e, por sua vez as meninas tem que lidar com outras demandas já que , não há uma mulher sequer para a qual a Lei não vale (cf. A mulher não existe ou A pele que habito).

Teorias à parte, que haja modelos representativos da masculinidade: ótimo! uma vez que se encaixam em conflitos próprios do masculino, mesmo que sejamos politicamente corretos e não presenteamos nossos filhos com brinquedos que simulam armas, nada impede que a própria mão faça a vez do revólver e vamos continuar a brincar de polícia e ladrão; que tenham modelos específicos do feminino: bom também! já que a feminilidade envereda por outros caminhos. O fato de fechar o pacote numa questão de gêneros, limita não só o potencial do produto como também do sujeito em usufruir segundo sua criatividade/inspiração. E, nos prendemos nos aspectos culturais, mais especificamente nas produções em série do mercado que vende modelos prontos de consumo (veja o termo indústria cultural, por exemplo, isto é, a abrangência do saber humano ligado à atividade econômica com fins comerciais), modelos pré-definidos que ostentam o que venha a ser homem/masculino/heterossexual e mulher/feminino/também heterossexual. E as exceções?! Ficam limitadas ao anonimato, passando a impressão de que se o fazem às escondindas, trata-se de algo inapropriado.

Sinto que façamos dos brinquedos, banheiros. Ou homem, ou mulher. Abre espaço para discussões, mas sobra pouca oportunidade para experimentar, inovar, criar, errar, escolher, desejar...

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