segunda-feira, 18 de junho de 2012

Crime e castigo


Com certeza esta notícia não é novidade para você. Para dizer a verdade, a mídia tem feito seu papel em explorar o caso de cabo a rabo. A infidelidade de Marcos Matsunaga (morto por Elize) foi um dos pivôs do crime, uma das “novidades” neste caso, é que Elize, assim como a amante, foram encontradas num site de garotas de programa. A sexualidade fez mais uma vítima.

Lembra do filme “Uma linda mulher” (Pretty Woman—1990), onde conta-se a história de uma prostituta que é contratada por um milionário para acompanhá-lo em compromissos sociais? No filme, o milionário acaba se apaixonando pela garota. Da mesma forma, o caso dos Matsunaga não fica atrás, porém com finais diferentes.

Há uma cena no filme em que Edward (Richard Gere) revela a um amigo que Vivian (Julia Roberts) é uma prostituta.


Segundo o depoimento de Elize, Marcos a ameaçou dizendo que a mandaria de volta para o “lixo de onde veio”. Há 2 anos atrás, um caso ganhava a imprensa e a opinião pública envolvendo um certo goleiro e uma mulher que fazia filmes pornôs. Nestas situações parece haver uma mensagem do tipo: “Olha no que dá se apaixonar por uma prostituta!” Contudo, vale uma reflexão.

Se um homem se apaixona por uma mulher que por acaso é prostituta, até aqui tudo bem. A questão é quando um homem se apaixona por uma mulher por ela ser uma prostituta, daí a história pode mudar. Para o psicanalista Contardo Calligariso desejo de um homem que se apaixona por prostitutas (e planeja ‘redimi-las’) é sustentado por uma fantasia (inconsciente) de vingança -contra a mulher e contra ele mesmo, por ter se deixado seduzir”.

Ora, esta vingança também é compartilhada por muitas pessoas e transformada numa expiação de culpas. Jogamos pedras, simples assim. Prevalece o dogmatismo de que para os homens está autorizado o gozo, entretanto para as mulheres, ainda mais aquelas que fazem do gozo sua profissão, um destino horrível as aguarda caso se submetam ao prazer.

Luiz Felipe Ponde defendia em sua coluna (Folha de S. Paulo) sobre o direito das mulheres serem vadias. “Vadia, até ontem, era uma mulher fácil. Mas, agora, é um termo que designa um novo direito: aquele de vestir saia curta, mostrar os seios, e não ser objeto de violência sexual”, diz o autor. A questão aqui é a própria mulher autorizar-se, além do movimento feminista, ou da prevalência social machista. Autorizar-se por ser mulher e ponto.
 
Talvez possamos ir pouco mais longe de discursos fechados ou escamoteados pelo designo de ser politicamente correto. Um pouco tarde para muitos que, vítimas de suas próprias sexualidades, acabam responsabilizando o outro por seus fracassos ou desejos.

Bom, ainda segundo Ponde, “não existe ‘sexo correto’, sexo é o lugar no qual nos perdemos, e por ser gostoso, sempre ‘metemos’ os pés pelas mãos.

A imagem foi tirada daqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário