domingo, 13 de janeiro de 2013

um pouco de história do rock (anos 70)


Em 1967 um outro grupo assumia seu próprio destino no mundo do rock. Enfiados nos envelhecidos estudios da EMI em Abbey Road, The Beatles lançava seu oitavo álbum, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. A gravação deste álbum foi uma total experiência psicodélica. Os estúdios da EMI estavam um tanto obsoletos até aquele momento, mas o que mais se faziam ali eram experiências, desde microfones dentro d’água, guitarras que produziam sons de piano, piano com sons de guitarra, e, drogas! um bocado delas... “Lucy in the Sky with Diamonds”, ouvia-se num refrão. Tempos antes, tínhamos um John Lennon dizendo que os Beatles eram mais populares do que Deus, fazendo com que a beatlemania não fosse muito bem recebida em alguns lugares por onde passaram. 



Outras bandas também fizeram parte deste cenário. A também britânica, Led Zeppelin, formada por Jimmy Page, John Bonham, John Paul Jones e Robert Plant, influenciaram com seu som pesado o que depois ficou conhecido como Heavy Metal e o Hard Rock e canções como “Whola Lotta Love”, “Moby Dick”, “Tangerine” nunca deixaram de ser atual. Isso sem mencionar “Black Dog”, “D’Yer Mak’er” e a eterna “Stairway to Heaven”.



A banda do vocalista Jim Morrison e do tecladista Ray Manzarek, The Doors, outra banda influenciada pelo blues e o jazz, teve seu início nos anos 60. O nome da banda veio de um livro de Aldous Huxley, chamado “The Doors of Perception”, que por sua vez detalha as experiências do autor com a mescalina (alucinógeno extraído do cacto peiote). Diferentemente das bandas de então, os The Doors não tinham um baixista nas atuações ao vivo. O que acontecia era que Manzarek fazia as sessões de baixo com a mão esquerda no Fender Rhodes Bass Keyboard, enquanto tocava as partes do teclado com a mão direita. O grupo ficou conhecido pelas excelentes canções como “Break on Though”, “Light My Fire”, “People Are Strange”, “The End”, “When the Music’s Over”, “Love Me Two Times” e muitas outras, além das inúmeras situações polêmicas de Morrison como o incidente ocorrido em março de 1969, em Miami, onde o vocalista, expõe a genitália para um auditório lotado.



Outra formação bombástica foi o grupo Creedence Clearwater Revival, que tocavam juntos desde 1959. O nome do grupo foi adotado em 1967 com a junção de um nome de um amigo de Tom Fogerty, Credence Nubal (o e a mais em Creedence sugere creed – crença), com Clearwater, uma marca de cerveja da época e, o Revival era ao fato da união entre os membros que tocavam juntos há muito tempo.



Nem só de bandas vivia os anos 60, ou só de homens... Janis Joplin, considerada a “Rainha do Rock”, foi, com certeza, a maior cantora de rock dos anos 60. Joplin era vocalista da Big Brother and the Holding Company e, depois acabou seguindo carreira solo. Fez de sua voz sua principal característica e diversas canções como “The Last Time”, “Intruder”, “Piece of My Heart”, além das famosas “Me and Bobby McGee” e "Mercedes Benz".



Em meio a grandes conflitos, muito mais políticos do que idealistas, o rock parecia se incorporar muito bem nessa onda refletindo numa onda contra a cultura vigente até o momento. A música teria que se envolver numa linha mais sombria frente à obscuridade de 1968 e 69. No Festival de Altamont, realizado pelos The Rolling Stones, em dezembro de 1969, no norte da Califórnia, as drogas em conjunto com as “bad trips” estavam destruindo o cenário hippie. Os Hells Angels contratados como seguranças, converteram o que seria um evento de paz e amor em um dos dias mais violentos da história do rock. Depois disso tudo se converteu em negócios. Era o fim de uma era. Aquele espírito livre dos dias anteriores morreu em Altamont. Lembrando que nem quatro meses antes, o Woodstock Music & Art Fair, realizado na fazenda de Max Yasgur, na cidade de Bethel, Estados Unidos, tinha levado artistas como Joan Baez, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival, Janis Joplin, The Who, e claro Jimi Hendrix que imortalizou (os mais conservadores ficaram chocados!) o hino estadunidense na guitarra distorcida.




Jim Morrison morto. Janis Joplin morta. The Beatles separado. Pouca coisa sobreviveria em meio ao tumulto. Pink Floyd foi um destes sobreviventes. Formada em Cabridge, em 1965, decidiu inovar no cenário do rock, não apenas com suas letras filosóficas, mas também com o uso uma certa teatralidade nos shows, sendo algo a mais do que quatro rapazes no palco. O nome Pink Floyd parece ter surgido a partir de uma abreviação de The Pink Floyd Sound, sugerido por Syd Barrett em homenagem aos músicos Pink Anderson e Floyd Council, ambos do blues. Pink Floyd acreditava que o rock não tinha fronteiras musicais e visuais, novos mundos foram criados enquanto o rock penetrava em território inexplorado. O livro de regras foi deixado para trás, em vez de algo como “aqui está a voz, aqui está o refrão, aqui está o solo” era como se não soubesse o que estava para acontecer. Seu primeiro single chamado “Arnold Layne”, falava de um travesti que roubava roupa íntima. “Oh, Arnold Layne. It’s not the same...”, compunha Barret, que mais tarde acabou sendo afastado do grupo devido a sua sanidade mental. Muitos acreditavam que anos de estrada e a vasta experiência com drogas afetou Barret, outros dirão que ninguém “normal” seria capaz de produzir músicas como “The Scarecrow”, “The Gnome”, “See Amily Play”e a caótica “Jugband Blues”.




O psicodélico nada mais era do que a expansão da mente, e nisso, Barrett e o Pink Floyd eram especialistas. Era o rock flertando com a excentricidade e com a loucura. Em “Interstellar Overdrive”, uma música instrumental, improvisada, longa, ambiental, podendo durar nos shows entre 10 ou minutos, já mostrava toda a potencialidade artística de Barret, que recusava a ideia de estar entre os “top ten”. Com o álbum “Meddle” e a música “Echoes” que tinha 23 minutos, o Pink Floyd, sofrendo com o afastamento de Barrett criava o épico cinematográfico que fazia o ouvinte, simplesmente, imergir. Daí para “Dark Side of the Moon” foi um pulo. Com suas letras sobre as pressões da vida moderna conectou com quase todo mundo que o escutou. Apesar dos temas sobre dinheiro e guerras, a loucura foi o tema principal de Dark Side. A “loucura” de Barrett continuava a ser influente no rock. 

 “...and if the band you’re in starts playing diferente tunes 
i’ll see you on the dark side of the moon” (Braid Damage) 

Do outro lado do Atlântico, em Nova Iorque, a banda The Velvet Underground, do cantor e compositor Lou Reed, também buscava explorar a música, transcendendo-a. Reed e o Velvet Underground transformaram os três acordes do rock em apenas um acorde, com o objetivo único de quebrar as regras. Usando o submundo de Nova Iorque, suas ruas ordinárias e o tráfico de drogas como inspiração para suas músicas, teve como empresário o visionário, Andy Warhol. A primeira apresentação do Velvet sob a tutela de Warhol ocorreu durante o jantar anual da Sociedade de Psiquiatria Clínica de Nova Iorque, que considerou a apresentação como um “tratamento de choque”. Ter Warhol como empresário rendeu ao grupo outras gentilezas, Reed podia escrever o que quisesse e ninguém se importava em mudar, a gravadora não suportava a música do Velvet e, em 1966, o grupo gravou seu primeiro álbum, em apenas dois dias. Além disso, o grupo fazia parte do circo de Warhol conhecido como “The Exploding Plastic Inevitable”, que projetava imagens de vários filmes sobre o grupo, convertendo num grande espetáculo multimídia.



Através do Pink Floyd a barreira entre arte e música foi derrubada. Com a ajuda do contexto social da época, além do uso de LSD e as luzes do Pink Floyd, o rock entra em sua fase psicodélica. E assim criou-se David Bowie/Ziggy Stardust e o “Starman”, Roxy Music, Genesis e por aí vai... 

Mas, em contrapartida com a teatralidade, nos anos 70 também tivemos The Clash, e o álbum “London Calling” com clássicos como “Train in Vain”, “Spanish Bombs” e “Revolution Rock”, além do Sex Pistols de Sid Vicious, com “Bodies”, “No Feelings” e “God Save the Queen”, todas do álbum Never Mind the Bollocks, tínhamos aqui algo diferente, algo mais Punk Rock. Se, por lá “God save the queen”, nos lados de cá havia Dead Kennedys e claro, Ramones.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário