domingo, 13 de janeiro de 2013

um pouco de história do rock (anos 60)


Quase no final de 1966, uma figura desconhecida chega em Londres com apenas uma Fender Stratocaster e alguns poucos dólares no bolso. Jimi Hendrix iria por o mundo da música de cabeça para baixo.

Chamava a si mesmo de “Voodoo Child” e mudou completamente o jeito de se tocar guitarra levando o blues do Mississipi aos limites psicodélicos. Redefiniu o que era ser um guitarrista, o que era ser músico, o que era ser artista e redefiniu todo o período em que existiu. Tudo o que vinha acontecendo nos anos 60 podia ser ouvido nas músicas de Jimi Hendrix, o disparo contra Martin Luther King, as bombas explodindo no Vietnã e as experiências do LSD.



Eric Clapton e Jeff Beck, dois grandes guitarristas, ficaram maravilhados ao ouvir a pirotecnia guitarrística de Hendrix na noite de 24 de setembro de 1966. Dizia Bech: “o que ele fazia era tão natural, tão selvagem e desinibido que isso era o que queria fazer mesmo sendo britânico... simplesmente me vi ali pensando: ‘será melhor que eu busque outra coisa para fazer’”. Hendrix fazia coisas que os demais não podiam fazer, tocava a base de baixo com seu polegar, uma melodia com outro dedo e levava o ritmo com o resto dos dedos. Era um grupo de três pessoas tocando numa só guitarra. 

Influenciado pelo blues do Misssissipi, se criou em Seattle nos anos 50 e lhe deram sua primeira guitarra quando tinha 12 anos. Passou sua adolescência aprendendo o “twelve-par blues”, uma das mais populares progressões harmônicas do blues. Para evitar ser preso por conduzir um Cadillac roubado, decidiu unir-se ao exército. Nesta época fez suas experiências com os sons do rhythm & blues. Sua passagem pelo exército foi problemática e não durou muito e acabou encontrando trabalho como guitarrista tocando no Circuito Chitlin. Nada mais do que salas de espetáculos que se estenderam pelo leste e sul estadunidenses, criadas especialmente para os artistas negros durante a segregação racial dos Estados Unidos. Tudo começava quando os brancos iam dormir, então estas bandas apareciam e ofereciam shows incríveis. 

Hendrix passou quatro anos neste circuito tocando com diversas bandas, também tocou um tempo como acompanhante de Little Richard. “Quero fazer com a guitarra o que Richard faz com sua voz”, dizia. 

6000km dali, na Grã-Bretanha, o ritmo do Circuito Chitlin começava a ganhar novos adeptos. Os músicos britânicos, brancos, interpretavam esta música em formas que, por sua vez, seriam influências para Jimi Hendrix. Devido a ênfase na improvisação, isto acabou por desatar na criatividade dos jovens músicos que se formaram tocando blues. “Nos empenhamos a tocar juntos porque queríamos tocar R&B e Howlin’ Wolf era um de nossos ídolos”, declarava o jovem Brian Jones, que montou a banda de R&B, conhecida como The Rolling Stones.




The Rolling Stones, formado em 1962, tomou seu nome emprestado de um clássico de Muddy Waters. Naquela época ainda não possuíam músicas próprias e tudo o que faziam era tocar versões de blues. “Satisfaction” foi uma das suas primeiras grandes canções. Para o guitarrista Keith Richards, é basicamente um blues, só que com uma forma um pouco diferente. A ostentação sexual de “Satisfaction” marcou um novo caminho para a direção que a música tomaria daqui para a frente.

Este blues era agora (re)exportado para os Estados Unidos mas desta vez para um público maior do que aquele confinado nos circuitos. Em 1965, Jimi Hendrix deixa o Circuito Chitlin e se muda para Nova Iorque, acompanhado da influência dos Yardbirds com Jeff Beck e Eric Clapton que tocava com John Mayall e os Bluesbreakers.

Hendrix chegou a levar um álbum para uma discoteca no Harlem (conhecido bairro de Manhattan devido ao seu centro cultural afroamericano), pedindo ao DJ que botasse para tocar aquela nova música que era muito boa. Assim que o DJ colocou o disco para tocar as pessoas que estavam dançando, pararam, olharam para Hendrix que teve que sair rápido dali antes que o matassem. A música era esta:




A canção que definiria Dylan é “Like a Rolling Stone”, um hino que revolucionou a música. 

 “Once upon a time, you dressed so fine. You threw the bums a dime in your prime, didn’t you?

 O caráter da voz de Bob Dylan levou Hendrix a crer que podia cantar também. 

How does it fill? To be on your own. With no direction home. Like a complete unknown. Like a rolling stone.” 

Se uma voz tem caráter, então não importa se é ou não uma “bela voz”. Se tua voz soa sincera e transmite que crês no que canta, bom, então pode cantar rock ’n roll... O primeiro grupo que mais se pareceu com uma banda de rock, foram o The Who. Um grupo britânico, ruidoso e agressivo, que deram ao rock um perfil mais duro. Era como uma homenagem à total falta de eloquência da juventude rebelde da época. Mas já despontava a pergunta? “Contra o quê você se revolta?” 

The Who carimbaram completamente a forma de atuar no rock com sues escárnios e tendências destrutivas, além de mostrar o som a partir de três instrumentos básicos. Jimi Hendrix, por exemplo, tomou emprestado o estilo incendiário de atuação do The Who. 

Em 1966, quando Hendrix chega à Londres, que na época era a capital cultural. Tudo estava acontecendo ali, o cinema, a moda, a fotografia, e claro, a música. Um trio composto de três lendas do blues, o guitarrista Eric Clapton, o baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker, consideravma-se a “nata da elite”, o Cream. Importando o sentimento do blues, mas tocando uma outra coisa, improvisavam solos que pareciam não ter mais fim. 

Nesta época, Clapton era considerado um Deus da Guitarra, entretanto foi desafiado pelo recém-chegado Hendrix. Jimi Hendrix foi a um concerto do Cream e pediu para improvisar com Clapton. Colocou sua guitarra no amplificador de Bruce e tocou uma versão de “Killing floor”, um blues que Clapton sempre havia considerado que era demasiado difícil e que Hendrix tocava como se fosse nada, sem falar em todas as “acrobacias”, tocava guitarra por trás da cabeça, entre as pernas, com os dentes... Surgia ali The Jimi Hendrix Experience.

Nenhum comentário:

Postar um comentário