segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Em cima de muros


Li um comentário sobre a homossexualidade dizendo que a depressão entre os adolescentes gays é um reflexo da opinião dos defensores dos direitos homossexuais, que por sua vez gera uma certa falta de esperança.

"Quando uma criança foi deliberadamente mal informada sobre as causas da homossexualidade e dizem a ela que os atos homossexuais são normais e naturais, toda esperança de recuperação é retirada dela.”

Ok. Vamos supor que isto realmente seja assim. Quantos casos já se ouviu falar de que um sujeito que se dizia homossexual foi "recuperado"? E de que forma se daria esta prática? Via medicamento? Quando trabalhava em uma farmácia no interior de São Paulo, tinha uma caixa de remédio que me chamava a atenção, pois era a mais colorida, tinha uma espécie de arco-íris, quando vi o anúncio achei fantástico: "Se falta, Centrum completa". Que seja então recuperado. Bom, quem foi que disse que uma vida heterossexual é mais saudável e natural? Ou que uma vida "hetero" não acabe aos prantos num consultório...

Por mais que se tente tirar a homossexualidade de um conceito amargo como o homossexualismo (ninguém sai dizendo por aí que sofre de heterossexualismo), de um desvio de personalidade, anomalia cromossômica (só um pequeno parênteses, Freud mencionava a homossexualidade em seu texto de 1905, Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade, como algo comum a todos na vida neurótica - ver meu texto chamado Sexualidades), e etc, o que vemos é que esse esforço tropeça no conservadorismo, aqui definido como politicamente correto, família, religiosidade e outras tantas definições. Não tenho algo contra os conservadores. Só acho que esta tentativa de exaltar valores, esbarre justamente no que estes valores deveriam valorizar, ou seja, a vida.

Estava pensando sobre os recentes kits anti-homofobia (material pedagógico composto por cartilhas e vídeos produzidos pelo MEC) que deveriam ser distribuídos nas escolas numa tentativa de diminuir os casos de homofobia no ambiente escolar. Estes nunca chegaram a tocar numa escola sequer. Vou disponibilizar o pronunciamento de nossa presidenta que, diante da pergunta sobre o que achou dos vídeos (0:50) disse não concordar, uma outra pergunta foi "a senhora assistiu aos vídeos?", "Eu não assisti aos vídeos, todos. A um pedaço que vi na televisão passado por vocês (imprensa), eu não concordo com ele." (1:00)...





As falas das pessoas que acompanhavam esta restrição caminhavam no sentido de que os vídeos incentivariam as crianças à homossexualidade, sendo este um ato vergonhoso, e por aí vai. Bom, não precisamos ir longe, basta acessar algum vídeo anti-homofobia no canal YouTube e acompanhar os comentários.

Quando este assunto chega na escola e, mais especificamente, aos educadores, estes procuram assumir uma certa neutralidade no assunto. Nem contra, nem a favor. Isto seria ótimo se não fosse o fato de que neste silêncio, muitas vezes se esconde a impunidade. Ao ser neutro, muitos educadores ficam de mãos atadas e, portanto, incapazes de assumir uma posição mais efetiva frente ao bullying ou contra alguns estereótipos destrutivos, digamos assim. Nem contra, nem a favor da opção sexual, tudo bem. Mas se tivermos que levantar uma bandeira neste campo que seja CONTRA A INTOLERÂNCIA!!!

Só por medida de provocação vou compartilhar um vídeo, intitulado como #EuSouGay, que faz parte de uma iniciativa a favor da compaixão e respeito ao próximo. Sendo assim, você é gay?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário